quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem são os nativos e os imigrantes digitais?????

Escolhendo a pílula vermelha

Entrevista de Gary Small, neurocientista americano, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), publicada pela Revista Veja, Ed. 2125, Ano42, nº 32, de 12/08/09), traz algumas informações importantes a serem analisadas, a saber:

1- As diferenças entre as gerações pré e pós-internet está se acentuando... Segundo Small, "Os típicos imigrantes digitais, pessoas com mais de 30 anos, foram treinados de forma muito diferente no que se refere à socialização e à aprendizagem. Fazem tarefas passo a passo - e sempre uma por vez. Aprendem metodicamente e executam o trabalho de forma mais precisa. Tem habilidades mais acuradas para o contato social, (mas) são mais vagarosos na adaptação ao uso das novas tecnologias. Os nativos digitais são melhores ao tomar decisões rápidas e ao agrupar grande volume de estímulos sensoriais..."

- Isso, ainda de acordo com Small, acentua a tradicional lacuna geracional que existe entre os mais jovens e os mais velhos. Há maior dificuldade de se relacionar porque os canais de comunicação estão mais voltados para determinados recursos e estímulos tanto por parte de um grupo quanto de outro. Os mais novos têm maior dificuldade para relacionar-se fora dos ambientes virtuais quanto maior for o tempo de exposição aos computadores e a web. Conversar fora dos padrões da tecnologia torna-se algo não apenas difícil, mas em muitos casos penoso e mesmo desagradável. Além disso esta comunicação extra-internet tende a ser rápida, pontual, monossilábica em muitos casos...

2- Entre as consequências do uso excessivo das tecnologias, tanto para nativos digitais (aqueles que já nasceram com a internet por perto) quanto para os imigrantes digitais (pessoas com mais de 30 anos) estão a sensação de isolamento quando não estão on-line, dores de cabeça, problemas de atenção (foco), irritabilidade e fobia social.

3- "Sacrificamos a profundidade pela amplitude", diz Gary Small, quanto ao fato de que pela web conseguimos acesso rápido e praticamente ilimitado a informações pela web. Penso que as pessoas tendem a ler apenas as manchetes, aquilo que é imediato aos seus sentidos. Isso explica, de certa forma o sucesso do Twitter, chamado por José Saramago de "antecâmera do grunhido", por limitar a nossa comunicação a 140 caracteres... Nicholas Carr ao se referir a velocidade e ao imediatismo da comunicação via web e suas novas ferramentas alertava para o fato de que até mesmo ele e outros colegas intelectuais, estudiosos destas tecnologias, por vezes se viam processando as informações neste ritmo alucinante, sem direito a pensar com profundidade, iludidos pela "amplitude" da rede...

4- "A tecnologia traz problemas quando usada em excesso. Moderadamente, é nossa grande aliada." também afirma Small. Ou seja, nem tudo são problemas, na realidade a tecnologia, por si só, constitui um reino de grandes possibilidades. O que não pode certamente acontecer é um mergulho de cabeça a tão grande profundidade que não consigamos emergir para buscar mais oxigênio, ou seja, para termos contato com todas as outras esferas que devem fazer parte de nossas vidas e que são extra-web.

5- A Web Life, ou seja, a vida virtualizada está aí e não é possível reverter esta nova ordem, ou seja, temos que pensar melhores formas de utilização da mesma, que não nos prejudiquem e sim que nos auxiliem, pois suas possibilidades de crescimento são notáveis. Não podemos nos permitir excessos, como dito anteriormente, pois eles sacrificam nossa capacidade de nos relacionarmos com os outros, com a natureza, com a cultura além dos monitores e redes...

JOÃO LUÍS DE ALMEIDA MACHADO
Sou um cidadão do mundo, tenho uma linda família, brasileiro, paulista, caçapavense, educador por opção, cinéfilo assumido, adoro também escrever, nadar, jogar futebol, viajar, ouvir música e ler [muito!]. Atualmente atuo como Consultor em Educação e Professor. Minha formação profissional é a seguinte: Graduado em História; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura; Doutor em Educação. Em 2008 publiquei meu primeiro livro [Na Sala de Aula com a Sétima Arte].

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